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Poéticas como inscrição histórica:

Um olhar para a produção

de 10 mulheres artistas

do Brasil e da Guatemala

Curadoria Francela Carrera     Produção Paulo Farias

Revisão Espanhol Luisa González-Reiche     Revisão Português Dariane Martiól

Designer editorial Jimena Pons Ganddini

Esta exposição tem como objetivo apresentar um recorte das trajetórias artísticas de dez mulheres artistas atuantes desde o modernismo até a atualidade no Brasil e na Guatemala, a fim de lançar luz sobre alguns aspectos históricos. Os processos poéticos, as narrativas sociais, culturais e políticas de ambos os países são abordados a partir de artistas com grande relevância expressados em diferentes linguagens. Por ordem cronológica, dentro do Modernismo (1922-1960), apresentamos Anita Malfatti e Antonia Matos, que no retorno para os seus países de origem enfrentaram dificuldades e censuras devido aos seus interesses nas vanguardas da época, as quais apresentavam uma ruptura com o academicismo vigente.

Percorrendo narrativas que incorporam lendas e mitologias regionais, bem como a oralidade própria dos trópicos, destacamos os trabalhos escultóricos de Maria Martins e Margarita Azurdia. Em seguida examinamos as obras das artistas Anna Bella Geiger e Lourdes de la Riva que se comprometeram com eventos políticos e suas complexidades, pensando em mapas e em suas impermanências. O racismo e a segregação marcam fatores comuns aos dois países e não podem passar despercebidos, pois são as feridas menos regeneradas, e persistentes na história até os dias de hoje. Deste modo, abordagens significativas dessa problemáticas encontram-se  na produção das artistas Rosana Paulino e Marilyn Boror Bor. Por fim, a luta das mulheres pela justiça e o compromisso com os feminismos são abordados pelas artistas Ana Hortides e Inés Verdugo, que desenvolvem uma investigação sobre a casa enquanto espaço político e memória afetiva, baseando-se no lar como princípio da construção da identidade feminina e da sua relação com o entorno.

Mulheres na arte

Quais foram os artistas mais notáveis do passado brasileiro e guatemalteco?

Com certeza, canonizados pela tradicional academia artística nos dois países, os nomes que se destacariam em uma possível grande lista seriam todos masculinos. Ainda que as artistas mulheres sejam um percentual maior dentro das instituições, contam-se nos dedos as que são lembradas. Algumas chegam a ser nomeadas somente como companheiras de outros artistas ou musas, raramente se referem a elas como autoras intelectuais de uma vasta produção. A realidade é que existiram e existem mulheres artistas que simplesmente foram deixadas de lado pela história hegemônica da arte, não há registros de suas biografias, nem de seus estudos e suas poéticas, foram artistas solitárias,  por muitas vezes esquecidas.

Essas questões nos levam a perguntar: quem são? Aonde estão? E, por que não sabemos sobre elas? As respostas consistem no fato de que desde o século XIX a profissão de artista sempre foi vista como exclusivamente masculina. As mulheres quando conseguiam entrar em uma academia artística eram automaticamente denominadas como "amadoras", termo que as classificavam como criadoras de uma arte menor e as colocavam em condições inferiores em  relação aos seus colegas homens, o que impedia a participação e aprendizagem horizontalizada.

Embora ao longo dos anos as artistas tenham ganhado espaço e participação dentro de escolas, universidades, museus e galerias, os percentuais de representatividade continuam baixos, bem como se evidencia a ausência de méritos sobre elas em livros, enciclopédias, catálogos e até mesmo em materiais escolares. Essas lacunas historiográficas resultam do desconhecimento quanto à importância que tem a produção artística de mulheres no circuito cultural. Ignorar essas produções é desconhecer a outra cara da arte, porque a história nunca foi singular, ela é sempre plural. Ao escrever sobre a vida e o processo criativo dessas artistas, não pretendo reduzi-las à rótulos, aqui se desfaz a ideia de apresentá-las como um sujeito feminino universal, até porque a produção artística de mulheres não parte de uma única identidade, seus trabalhos são diversos, amplos e tratam de questões ou situações pessoais que falam sobre o contexto em que cada uma delas se encontra.

A seguir apresento uma breve análise sobre a vida e obras de cinco artistas brasileiras e cinco artistas guatemaltecas que em diferentes gerações abriram pautas essenciais por meio da arte, questionando e refletindo sobre os acontecimentos políticos pelos quais seus países passaram. Artistas que foram silenciadas, questionadas e ignoradas pelos cânones acadêmicos tradicionais, mas que agora ganham forças para serem evidenciadas e colocadas no mapa, a fim de que suas narrativas sejam inseridas na história da arte e seus nomes sejam referência para as gerações futuras.

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Realização

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